nos dias vai lambendo sua peçonha
nas noites longas nada mais se sonha
distante de qualquer outra pessoa
deitada ouve a voz que ainda ressoa
levanta e olha o sujo da sua fronha
apenas seu suor, ódio e vergonha
a marca solitária que leciona
a ser quem já ninguém mais se afeiçoa
até que ponto teve ou não escolha?
agora pouco importa, é consumado
arou e semeou, agora o colha
lamento (embora pouco) esse seu fado
ainda há de explodir feito uma bolha
talvez nem mesmo o cão fique ao seu lado