você me deu o seu melhor, mas não
não era o que eu queria ou precisava
não era o que pedia a ocasião
mas era o seu melhor, então me dava.
você não imagina a gratidão
que guardo dos bons tempos que me amava
mas hoje tenho que era só ilusão
grilhão, nó, fechadura, dura trava
prisão. de boa fé se calça o inferno
pior só que açoitar é afagar terno
pois é sentenciar à dependência
perdido o paraíso, amor materno
se faz o pior fel, vazio interno
lamento ter tão tarde esta ciência!
dezembro 26, 2008 às 12:16 pm
Sobre a névoa estagnada deste dia,
porraloca deposito uma semente
e com os olhos chamejantes de um demente
a fecundo com esporros de poesia.
Acompanho o germinar da minha cria;
saio e grito para toda vizinhança:
-está vivo!-tenho olhos de criança;
e caminho… sou de ossos e alegria.
Para traz fica o velho edifício
a mercê da minha nova criatura
que é de tinta de caneta e sacrifício…
Vai crescer como umna praga, e sem remédio,
se alojar no velho e triste condomínio,
devorar a solidão, a paz e o tédio.