Soneto (op. 028)

você me deu o seu melhor, mas não
não era o que eu queria ou precisava
não era o que pedia a ocasião
mas era o seu melhor, então me dava.

você não imagina a gratidão
que guardo dos bons tempos que me amava
mas hoje tenho que era só ilusão
grilhão, nó, fechadura, dura trava

prisão. de boa fé se calça o inferno
pior só que açoitar é afagar terno
pois é sentenciar à dependência

perdido o paraíso, amor materno
se faz o pior fel, vazio interno
lamento ter tão tarde esta ciência!

Uma resposta to “Soneto (op. 028)”

  1. Estevão Says:

    Sobre a névoa estagnada deste dia,
    porraloca deposito uma semente
    e com os olhos chamejantes de um demente
    a fecundo com esporros de poesia.

    Acompanho o germinar da minha cria;
    saio e grito para toda vizinhança:
    -está vivo!-tenho olhos de criança;
    e caminho… sou de ossos e alegria.

    Para traz fica o velho edifício
    a mercê da minha nova criatura
    que é de tinta de caneta e sacrifício…

    Vai crescer como umna praga, e sem remédio,
    se alojar no velho e triste condomínio,
    devorar a solidão, a paz e o tédio.

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